quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Dia 43 - Gabriel

Minha alma escorre pelos meus olhos...

Vagava pela rua, passo a passo, sem pressa.
Acendo mais um cigarro.
Ainda faltavam três quadras até o depósito.
Essas palavras não saiam da minha cabeça. Ao meu redor via as mesmas coisas intocadas de dois dias atras.

Foi  realmente uma ótima  idéia essse revesamento parar buscar mantimentos.


Só nos restava uma arma, com apenas duas balas, mas ninguem além de nós sabia disso.

Só faltava mais uma quadra, olhos praquele prédio qual nos abrigamos outrora, duas semanas naquele porão fétido, pareceu uma eternidade.
Mais um trago, um pouco mais da minha alma se esvaia pela fumaça.
Mais alguns metros.

Agora sim a verdade iria se mostrar defronte a minha pessoa.

Preparei minha faca...

-Brother, consegui quase um quilo de arroz, deve dar pra uma semana, também trouxe alguma carne.

O corte no meu braço ainda ardia...

domingo, 15 de agosto de 2010

Dia 10 - Lucas

A
inda me lembro daquela noite, mesmo hoje tantos e tantos anos depois, o calor do seu corpo ainda passa pelas minhas mãos e seu rosto adormecido paira na minha mente. Não importa o tempo que passe, sempre vou chorar por você. Do mais profundo abismo eu pude me erguer quando nossas vidas se cruzaram na audácia do destino, aquela criança brincalhona! O mundo virou de pernas pro ar e você conseguiu, quase sem querer, me mostrar que a vida estava apenas começando que ainda havia um grande caminho à percorrer, um caminho muito mais longo do que um dia eu imaginei. Toda àquela vida transparecia em seu semblante e me lembrava do que realmente era viver! Pude então ser feliz com poucas palavras e consegui voar para os céus mais longínquos do mundo! Os gramados verdes cobertos por aquelas flores coloridas não tinham fim e era só eu e você. Claro, isso tudo na minha cabeça, na minha insanidade. Cada vez mais aquele lugar estava me deixando mais e mais louco, não tinha mais cabeça pra ficar naquele sótão. Cada parece era uma lembrança e aos poucos comecei a ver tudo aquilo que tinha conseguido esquecer. Viu teu casamento, você vestida toda de branco, como um anjo que se perdeu dos céus, o cabelo moreno voando com seus movimentos como se fosse uma ninfa vinda da mitologia, seu sorriso ao me ver, e o brilho dos olhos que me dominava a cada vez em que nos víamos. Senti no ar, a sua surpresa de me ver depois daquela conversa em que ambos choramos e eu sai na noite procurando esquecer o que tivera acabado de viver, rasgando o peito e pisando fundo no acelerador. Mas o seu abraço me acalentou embora o velho demônio branco tivesse me possuído quando olhei nos olhos dele, o seu noivo...
Todas essas lembranças infectavam minha mente aos poucos e ia lembrando das coisas tinham se apagado da memória para minha própria proteção. Tudo por causa daquela situação, daquele MALDITO sótão! Sentia que Gabriel também estava perturbado, entretanto não havia nada que pudéssemos fazer...
Dia I - Lucas

"-Quase na hora de bater o sinal... Mal posso esperar pra sair dessa sala de aula, isso aqui tá um porre. Não aguento mais aula por hoje, mas o pior é que tenho aula até o meio-dia ainda, droga! Bem... Pelo menos quando bater o sinal eu... - pensava aquele garoto quase que atirado em sua classe, com o olhar distante fixado em algum ponto do quadro-negro para que o professor achasse que ele prestava atenção.
- Lucas! Vem, vamo desce. - Disse o garoto ao seu lado.
O chamado era a deixa que ele queria pra simplesmente se levantar e sair, e foi o que fez. -Foda-se o intervalo-. Simplesmente se levantou, atravessou a sala e saiu, mas uma reação inesperada aconteceu; todos os seus colegas também saíam, como se pudesse pegar e simplesmente sair da sala enquanto a aula ainda acontecia.
O corretor estava vazio como o de costume, afinal todos estavam na aula pensou ele. As escadas centrais nunca tinham sido tão grandes, pois suas pernas ficaram pesadas parecendo que ele tivera corrido o dia todo, estranho. Quando finalmente alcançou o segundo andar, todos saíram de suas salas e o corredor virou uma baderna sem tamanho. "Será que ela está aqui? Será? Mas eu não a acho... De repente já desceu; é já deve ter descido." Tudo estava acontecendo tão rápido, todos passavam por ele tão rápido e suas pernas cada vez mais pesadas, mal tinha forças para ficar de pé. E quando finalmente conseguiu alcançar o térreo seus joelhos falharam e foi chão, entretanto estranhamente não sentiu dor ao cair. Ali do chão que ele viu que quem procurara realmente está lá, só passar a grande porta de vidro que dava acesso ao pátio e ele encontraria ela. Tentou se mover, se levantar e recompor-se, mas foi em vão, suas pernas não o obedeciam de jeito nenhum, tinha algo estranho acontecendo, tinha certeza! Então com os braços foi se movendo para conseguir cruzar a porta, ele ai chegando mais perto e mais perto, a felicidade e ansiedade pelo momento invadi-lhe o corpo e um calor confortável pulsava em seu sangue e....."

- Oh Lucas. Brother acorda ai. Sonhei com elas dinovo...
- Ahn? Que foi Gabriel? - Falei meio sonolento, afinal deviam ser apenas seis horas manhã - Tava dormindo velho, mas agora que você falou, acho que sonhei com um passado estranho, mas tenho certeza que ela estava lá também.. Enfim o que você sonhou pra me acordar tão cedo? - Bocejei e fiquei ouvindo o que ele falava, afinal, éramos só nós dois naquele sótão...

Dia 1 - Gabriel

Estou lá mais uma vez envolto em meus pensamentos, preso mais uma vez ao lupim do momento do fim, a derradeira hora que perdi meu grande amor mais uma vez brincava com minha sanidade.

-Sim... claro que ainda te amo. Você sabe que ainda me vejo te pegando nos meus braços,
te levando pra cama enquato te chamo de minha mulher. Vejo o anél que te dei brilhando em uma tarde de verão. Nosso filho crescendo em seu ventre.
Você sabe muito bem disso que nosso amor tinha tudo para ser lindo, e que eu ainda me pergunto oque aconteceu, porque não somos felizes juntos...-


Mas  uma vez acordo desse sonho que a tanto fica longe da minha vida real...

- Oh lucas. Brother acorda ai. Sonhei com elas dinovo.-

Não sei que horas eram, mas meu irmão parecia assutado será que mais uma vez ele também estava sofrendo dessas nossa lamúrias de tempos remotos... é o que pareceia, se bem que hoje em dia nesse sotão nada mais é oque parece.